O dia 18 de Maio é conhecido como o dia da luta antimanicomial. A data foi instituída por profissionais de saúde devido a um movimento que teve início em 1987, e tinha como objetivo uma nova forma de tratar a saúde mental, bandeira levantada desde o inicio de sua carreira pela psiquiatra Nise da Silveira, médica e comunista perseguida pelo governo Vargas e presa durante o Levante de 35 (conhecido como "Intentona Comunista"). Viveu na ilegalidade por mais de uma década a partir de então, mas nunca abandonou a luta pela necessidade de se pensar um tratamento humanizado na área da psiquiatria.
O movimento antimanicomial defende uma sociedade sem manicômios, visto que nessas instituições o tratamento para os pacientes era desumano e cruel, consistia em eletrochoques e outras práticas que se assemelhavam às torturas comuns aos porões da ditadura. Os manicômios são, na sua essência, expressão de uma estrutura opressora do capitalismo e seu modelo de padrões sociais.
Um exemplo da crueldade que ocorria dentro dos manicômios foi a Colônia de Barbacena, hospital psiquiátrico fundado em 1903, em Minas Gerais, onde além de pessoas que sofriam de alguma doença mental, recebia presos políticos, homossexuais, indigentes, prostitutas, minorias étnicas, ou seja, indivíduos que não necessariamente apresentavam problemas psiquiátricos, mas que desviavam dos padrões desejados pela sociedade elitista brasileira. O tratamento que essas pessoas recebiam nesse hospital consistia em choques elétricos, uso de camisa de força, selas solitárias em condições de fome, sujeira e até falta de água pra beber. Esses métodos adotados pelo manicômio foram responsáveis pela morte de mais de 60.000 pessoas que estavam internadas no local.
Em se tratando de saúde mental no Brasil, segundo a OMS, cerca de 20 milhões de brasileiros sofrem de ansiedade, e mais de 12 milhões de sofrem de depressão. Os problemas de saúde mental no Brasil são uma questão de saúde pública tão sérios quanto doenças crônicas de caráter fisiológico.
A Federação Nacional do Movimento Estudantil de História reitera a importância da luta antimanicomial e defende a luta pelos direitos de cidadania dos usuários dos serviços de Saúde Mental, para que estes tenham seus direitos humanos assegurados, e nos somamos na luta em defesa direitos de cada trabalhador e trabalhadora por saúde, justiça e condições de vida digna.
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